REABILITAÇÃO EDIFÍCIO RELIGIOSO

                                                   

CAPELA NOSSA SENHORA DA SAÚDE






CARACTERIZAÇÃO  ARQUITECTÓNICA

A Capela Nossa Senhora da Saúde, localiza-se no lugar do Susão, freguesia de Valongo, no concelho de Valongo.
O edifício, integrado numa parcela privada, delimitada com muro e gradeamento, é composto por dois volumes, um horizontal e outro vertical, que se complementam:
- No primeiro, horizontal, desenvolve-se o espaço de celebração eucarística, constituído por planta longitudinal de uma só nave, altar-mor, sacristia e salas de catequese;
- No segundo volume, disposição vertical, ergue-se a torre sineira.
Este conjunto, que terá sido edificado nos anos 70, caracteriza-se, negativamente, pela falta de qualquer critério plástico ou princípio arquitectónico.
O seu desenho, interior e exterior, em termos de concepção arquitectónica e construtiva, resulta numa composição desequilibrada e muito “pobre” na caracterização estética do edifício.
O interior da capela caracteriza-se por um espaço amplo e desproporcionado, cuja conjugação de diversos materiais, mármores e cerâmicos, bem como entradas de luz descontroladas, através de inúmeras caixilharias simples em perfis de ferro, resultam numa desconcertante “amálgama” visual, o que se traduz num total desconforto para os utilizadores e seus celebrantes.
Esta atitude manifesta-se, igualmente, no sistema construtivo adoptado, pórticos de pilares de betão, preenchidos com “paredes simples” de bloco de cimento areados, sem qualquer isolamento térmico ou acústico, critérios que não cumprem, minimamente, os princípios básicos da construção civil.
Assim, no interior, é manifesto o desconforto e desequilíbrio térmico, frio no Inverno e calor intenso no Verão.
Esta falta de preocupação estética aliada à má qualidade construtiva, bem como o registo de pequenas intervenções construtivas ao longo dos tempos, agravaram a descaracterização deste conjunto.
Quanto ao estado de conservação da construção, esta requer uma necessidade urgente de intervenção, com especial atenção para as seguintes situações:
- A cobertura, de telhado em sistema simples, de telha e vigotas, apresenta manifestação acentuada de infiltrações de humidade, visíveis no tecto da nave da capela e nas paredes laterais;
- Necessidade de substituição de tudo o que se refere a carpintarias dos vãos exteriores, portas e janelas, em avançado estado de degradação, arranjo pontual da cobertura, substituição dos pavimentos interiores de soalho e igualmente a recuperação de carpintaria interior, portas, armários, guarda-vento e coro-alto.



PROPOSTA   DE  INTERVENÇÃO

                A proposta de intervenção consiste, não só, na resolução das dissonâncias construtivas (harmonia de materiais, acústica, térmica e iluminação), mas essencialmente na concepção de um espaço interior de referência, baseado nos princípios arquitectónicos que definem os edifícios de natureza religiosa cristã.
                Tratando-se de um edifício cujo interior se apresentava ausente de desenho representativo, havia a necessidade de introduzir uma linguagem arquitectónica assente na caracterização e identificação de um espaço celebrativo das diversas actividades religiosas.
                Assim, foi opção conceptual, introduzir na cabeceira da nave, uma "abside" minimalista, de forma semi-circular, à imagem das construções das basílicas romanas e cristãs. Este elemento arquitectónico, viria a definir-se como a peça determinante para o desenvolvimento do projecto.
                Para o efeito, projectou-se na cabeceira da nave, na parte elevada, no mesmo local onde se instalava o altar, um tecto abobadado, cujas paredes se fecham em meia esfera, de modo a rematar fisicamente a nave da capela. Este "efeito construtivo", sob a forma de "abside", tem como objectivo o envolvimento do altar-mor, e dignificar a mesa da presidência, o altar. A Cruz com a imagem de Cristo, o elemento figurativo mais "forte" da Capela, surge num plano mais avançado e com maior destaque neste novo conjunto.
O altar, substituído por novo desenho, visualmente mais leve, constituído por três elementos de granito, está assente numa plataforma igualmente circular, em estrutura de madeira nobre de sucupira, surge, na sua simplicidade construtiva, como o novo e mais importante centro de atenções deste edifício.
                Este conceito minimalista estende-se para o interior da nave, na procura de um espaço, formalmente, identificativo e mais equilibrado na conjugação dos diferentes materiais de acabamento, bem como, no efeito “luz-sombra“ resultante da iluminação natural e artificial conforme os diferentes momentos do dia.
                O somatório destes factores tem como intuito a obtenção de um espaço intimista, adequado à reflexão e oração dos diferentes utentes.
                A intervenção na "nave" resulta, igualmente, na introdução de um tecto abobadado de secção transversal elíptica, na largura total da nave, proporcionando a sensação de maior amplitude volumétrica. O pavimento é trabalhado do seguinte modo:
- as zonas laterais de circulação e a coxia central serão executados em lajeado de granito amarelo serrado com junta seca;
- as restantes, de estar e permanência serão executadas em soalho tradicional de madeira de sucupira.



PREÂMBULO
Para a execução do pretendido arquitetonicamente fasearam-se as diversas tarefas, por níveis de intervenção, nomeadamente, cobertura, nave e paramentos interiores verticais, paramento exterior vertical, alçado poente e pavimento.


COBERTURA
Considerou-se como útil, tendo em atenção o estado da cobertura, a aplicação de nova telha, com aspecto tradicional e macro cromático, do tipo canudo, tendo como base uma sub telha ondulada e impermeável com dupla face resinosa.
Entre o isolamento térmico, “poliestireno exturdio” (XPS) será de 6 cm de espessura, e sob a sub- telha será aplicada uma tela, para vapor.
O XPS será colocado o mais uniformemente possível e sem quaisquer aberturas por forma a minimizar a inexistência de choques térmicos e possíveis condensações.

NAVE E PARAMENTOS VERTICAIS, INTERIORES

Atendendo às condicionantes apresentadas adoptou-se como protecção térmica e acústica o isolamento pelo interior com a aplicação de XPS de 6cm, ao longo dos paramentos e lã mineral na nave e altar, em manta ou placas, com espessura mínima de 40mm.

Os materiais de revestimento a introduzir e atendendo à sua moldagem e características de execução foram em gesso cartonado com espessura mínima de 1 cm e folheado de madeira de sucupira em "placa de fibra de madeira de média densidade" (MDF) com 1,6 cm e rodapé em madeira maciça.
Como protecção e cor utilizou-se a pintura de cor branca, em 3 demãos, de tinta plástica aquosa sobre primário e nas superfícies de gesso.
Os paramentos em madeira são envernizados com verniz aquoso mate e em aplicação de pelo menos 2 demãos.




PARAMENTO VERTICAL, EXTERIOR

A intervenção só será realizada no paramento que se encontra com patologias ao nível de fissuras mais acentuado que depois de tratadas, através de rede e massas impermeabilizantes adequadas terá um tratamento a “capoto” com a aplicação de “poliestireno expandido” (EPS) de 2 cm, rede plástica, com dobragem a nível superior de 1,50m e monomassa adequada e impermeabilizada.
A aplicação de primário e 3 demãos de tinta plástica de cor branca dará a proteção adequada.
Será aplicada caixilharia de alumínio com vidro térmico e pelicula de cor. Terá abertura basculante, para o exterior, e a sua utilização, de abertura/ fecho por sistema elétrico.


PAVIMENTO

O pavimento será constituído por 2 materiais base, soalho em madeira de sucupira e granito amarelo.
A base do soalho é constituída por XPS de 4 cm, assente em superfície, regularizada e hidrófuga, de argamassa tendo uma caixa-de-ar mínima de 5 cm.
A superfície de granito está assente em argamassa.
Optou-se como proteção da madeira a aplicação de óleo secativo com pigmento e repelente à água garante uma maior durabilidade com uma associação de manutenção/ renovação mais económica.

INTRUSÃO E INCÊNDIO

Para a deteção de fumos serão aplicados sensores adequados e em locais considerados estratégicos, para os fins a que se destinam com a precaução devida dos locais próximos do altar sujeitos à utilização de incenso, em atos litúrgicos, assim como, de velas de cera.
Serão colocadas botijas de pó químico de 6 kg devidamente identificadas bem como, placas sinalizadoras das zonas de saída.





ILUMINAÇÃO

Tendo como base a iluminação projetada indiretamente serão utilizadas lâmpadas de tecnologia “LED”.

Considerou-se que as luminárias seriam o mais discretas possível, condizendo com a simplicidade pretendida e de cor branca.





Ficha técnica do Projecto



Arquitectura
João Paulo Barbosa, Arq.

Des. Cad
Maria José Almeida

Fiscalização / Orçamentação                                                                      
António Barbosa, Coord. Tec 







































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